A importância do suporte psicológico aos pacientes submetidos à Cirurgia Ortognática

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Produzir bem-estar é uma atribuição das áreas de saúde e a Psicologia tem um papel específico quando oferece programas que promovam o conhecimento e a aquisição de comportamentos de saúde. O que as pessoas fazem tem óbvias consequências sobre seu bem estar físico e psicológico: o que comem, como cuidam dos dentes, os hábitos (cigarro, bebidas alcoólicas ou drogas), quais medicamentos consomem, de que maneira seguem as instruções profissionais. Comportamentos são, portanto, agentes que produzem níveis de saúde ou doença.

Quando nos referimos à “saúde bucal” estamos falando, deum conjunto de condições, biológicas e psicológicas, que possibilita ao ser humano exercer funções como mastigação, deglutição e fonação e, também, em relação à dimensão estética, exercitar a auto-estima e relacionar-se socialmente sem inibição ou constrangimento. Essas condições devem corresponder à ausência de doença ativa em níveis tais que permitam ao indivíduo exercer as mencionadas funções de modo que lhe pareçam adequadas e lhe permitam sentir-se bem, contribuindo desta forma para sua saúde geral.

Considerando que uma das variáveis psicosociais de maior preocupação de indivíduos que frequentam consultórios de odontologia é o medo do dentista e dos eventos que envolvem o tratamento, devemos observar que o medo é uma sensação natural que os indivíduos apresentam em resposta a situações compreendidas como estressantes ou repulsivas e sobre as quais se sentem impotentes.

A visita ao dentista sempre esteve relacionada ao medo. A associação de medo e Odontologia desenvolve-se ao longo do processo de socialização e das experiências de aprendizagem. Algumas decorrem do contato direto com o tratamento odontológico e outras são aprendidas indiretamente através de  outras pessoas e dos meios de comunicação.

A cirurgia ortognática é um tratamento odontológico da região bucomaxilofacial que consiste na correção cirúrgica dos ossos da mandíbula e maxila, permitindo assim, o alinhamento correto dos dentes e a harmonia facial.Por tratar-se de uma cirurgia odontológica que obrigatoriamente deve ser realizada sob anestesia geral e envolve: internação a nível hospitalar, mudanças de grau leve a acentuado do aspecto facial, repouso quase absoluto com exigência de um acompanhante por no mínimo sete (07) dias, etc., desde o início, já quando o paciente recebe a indicação, muitas vezes fica ansioso e angustiado com a perspectiva do procedimento em um futuro próximo.

O objetivo principal da psicologia aplicada à odontologia é prevenir e facilitar o enfrentamento de pacientes que estejam em situações de tratamento dos transtornos bucais. Este procedimento requer a colaboração mútua e a integração de conhecimentos da psicologia, da odontologia e de outras ciências da saúde, tais como nutrição e enfermagem.
O odontólogo precisa, desde o início do diagnóstico, observar o envolvimento, ou não, de fatores psicológicos, emocionais e sociais neste paciente, porque muitos sintomas físicos têm base emocional. Assim, poderá verificar o quanto este problema está interferindo na qualidade de vida do paciente, para assim poder indicar se há necessidade de encaminhamento, ou não, à área da Psicologia.

A atuação do profissional de odontologia não se restringe apenas à execução de procedimentos técnicos preventivos e curativos, mas inclui também treinamento adequado para lidar com problemas comportamentais do paciente, considerando as características de cada indivíduo e seu aspecto emocional.

Quanto às questões estéticas envolvidas, temos uma identidade pessoal que os outros nos atribuem por nossa aparência física. A pessoa que nos tornamos é uma construção histórica que inclui a auto-representação e a representação que os outros fazem de nós. Portanto, quando o paciente busca recursos odontológicos para a restauração da aparência, está buscando também recuperar sua imagem pessoal e social.

Se levarmos em consideração os padrões estéticos valorizados e aceitos pela nossa sociedade, poderemos ter uma idéia do quanto o paciente estigmatizado se sente rejeitado, inadequado e não aceito.
O psicólogo tem condições de estabelecer planos terapêuticos e avaliações que favoreçam a adesão do paciente aos procedimentos odontológicos e à interação com a equipe, desenvolvendo junto ao mesmo, um adequado autoconceito quanto a sua real imagem corporal.

O profissional de odontologia deve ter claro quando e como encaminhar o caso, pois quanto maior for sua convicção da necessidade do tratamento complementar, mais lógica e convincente será sua explicação ao paciente. Mas também o psicólogo deve estar preparado para atuar nessa área. Ele deverá ter noções básicas de Odontologia para compreender e avaliarconjuntamente aos outros profissionais envolvidos as queixas do paciente. As noções compreendem anatomia, fisiologia do aparelho mastigatório e conhecimento das doenças desta região que têm um comprometimento emocional; sua etiologia (causa), manifestação clínica e evolução.

Desta forma, verifica-se que é de fundamental importância aproximar a psicologia da odontologia, pois a psicologia pode fornecer alternativas eficazes para os impasses surgidos no atendimento odontológico.

PSICÓLOGA AUTORA DESTE POST: Natalia Costa Lemos CRP/SC 12/10086

REFERÊNCIAS

GENNARI, C. Psicologia e Odontologia: uma parceria de sucesso. Disponível em: http://www.odontomagazine.com.br/2012/04/26/psicologia-e-odontologia-uma-parceria-de-sucesso/ – Acesso em: 27 dez. 2012.

HUNT, O. T. et al. The psychosocial impact of orthognathic surgery: a systematic review. Am J OrthodDentofacialOrthop. 120(5): 490-7. 2001.

FISCHER, R. G. Controle mecânico e químico do biofilme dental. São Paulo: Artes Médicas, 1999.

MORAES, A. B. A. Psicologia e Saúde Bucal: circunscrevendo o campo. Santo André – SP: ARBytes, 1999.

MORAES, A. B. A.; PESSOTI, I. Psicologia aplicada à odontologia. São Paulo: Sarvier Editora, 1985.

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