Cirurgias Paraendodônticas – Por Dra. Ana Paula Maciel de Souza CRO/SC 5698

Embora os tratamentos endodônticos tenham se mostrado procedimentos com alto índice de sucesso, um pequeno número de casos pode necessitar de uma segunda intervenção. Várias são as causas apontadas para justificar estes casos de insucessos (Siqueira 2008, Ricucci & Siqueira 2011, Vieira et al. 2012). No entanto, na maioria das vezes as causas da falência do tratamento estão diretamente relacionadas à infecção, ou seja, por alguma razão, não foi possível eliminar ou impedir a presença de microorganismos.

Sempre que uma segunda intervenção é necessária, temos um caso de retratamento endodôntico. No retratamento, a remoção completa do conteúdo do canal e o acesso ao forame apical (porção terminal do canal) são condições obrigatórias para a limpeza adequada e o sucesso do tratamento (Torabinejad et al. 2009).

Vale ressaltar, que entendemos por sucesso em endodontia a ausência de sinais e sintomas clínicos de inflamação e infecção e ausência de sinais radiográficos de alteração nos tecidos de sustentação dos dentes (Ferrari & Bombana 2010).

Sendo assim, quando o tratamento endodôntico primário ou o retratamento não consegue atingir seus objetivos, a cirurgia paraendodôntica (cirurgia que expõe a terminação da raiz e trata o canal por via retrógrada) é um recurso terapêutico utilizado.

É importante salientar que este procedimento não se propõe a corrigir tratamentos endodônticos deficitários ou negligentes, por tal motivo, sempre que possível, deve ser sempre precedida de retratamento, após acompanhamento criterioso para então ser indicada.

Sendo assim, as cirurgias paraendodônticas estão indicadas em casos de insucesso no retratamento ou naqueles casos onde uma segunda intervenção endodôntica fica impedida por obstruções no interior do canal.

Estas cirurgias estão contraindicadas na impossibilidade de acesso cirúrgico adequado em casos de fratura vertical da raiz, na recuperação de dentes funcionalmente comprometidos e em determinadas doenças sistêmicas.

Claro que como todo o procedimento invasivo, deve-se obedecer ao seguinte protocolo: pré-operatório, planejamento cirúrgico e técnica operatória, sendo procedimentos geralmente realizados em consultório com anestesia local.

No pós-operatório, são indicadas medicações para controle da dor e quando necessário fica indicado também o uso de antibióticos. Neste período o paciente também recebe algumas orientações de cuidados com a alimentação, higiene bucal, necessidade de repouso e retorno.

 

Ferrari, Patrícia H. P.; Bombana Antônio Carlos. A infecção endodôntica e a sua resolução. 1 ed. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2010. 358p.

Ricucci D, Siqueira JF Jr. Recurrent apical periodontitis and late endodontic treatment failure related to coronal leakage: a case report. J Endod. 2011 Aug;37(8):1171-5.

Siqueira JFJr. Aetiology of root canal treatment failure: why well – treated teeth can fail, Int Edndod J 2008; 34:01-10.,

Torabinejad M, Corr R, Handysides R, etal. Outcomes of nonsurgical retreatment and surgery: a systematic review. J Endod 2009; 35: 930-7

Vieira AR, Siqueira JF Jr, Ricucci D, Lopes WS. Dentinal tubule infection as the cause of recurrent disease and late endodontic treatment failure: a case report. J Endod. 2012 Feb;38(2):250-4.

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